"Sou uma mulher madura, que as vezes brinca de balanço. Sou uma criança insegura, que as vezes anda de salto alto."
NARRADORA — Quem me chama? Esta é a pergunta de Lúcia, jovem professora recém-formada. Qual a razão desta interrogativa ?
LÚCIA — Como estou feliz! Não sei se há alguém mais feliz do que eu! Foi maravilhosa a festa de formatura! Tenho agora em minhas mãos o que almejei durante muitos anos. Abre o diploma e lê: — "Lúcia Bastos, professora normalista. .." Oh! que felicidade, sou professora! Poderei trabalhar como sempre desejei. Ter uma classe modelo, de acordo com a Pedagogia moderna. Papai me prometeu uma nomeação na capital. Certamente ganharei o bastante para viver com todo o conforto!
Como estou cansada! Estudos, provas, festas... O tempo voa. Lembro-me bem do primeiro dia de aulas, o uniforme, as colegas, a sala de aulas, as professoras... Ah!. . :
começa a folhear uns cadernos velhos e encontra a poesia "Dedicação". Lê em voz alta:
Se eu tivesse mais vidas, bom Jesus!. ..
Mais vidas te daria...
Todas seriam tuas,
Para pregar o Evangelho da Cruz,
Que salva e enche a alma de alegria,
Pela presença da radiante luz.. .
Se eu tivesse mais vidas!...
Para cantar bem alto
Um hino que fosse ouvido
Pelos quadrantes desta nossa terra. ..
Para ensinar o verdadeiro caminho
A quantos buscam a paz pelas armas da guerra.. .
Para amparar esse quase imensurável
mundo sofredor. ..
Para, mesmo no meio da luta,
Dizer, como Davi:
— "O Senhor é o meu Pastor..
Para viver!...
Viver intensamente,
Deixando uma estrada que possa
ser percorrida. ..
Para aproveitar o tempo...
Os talentos. ..
Dedicando-os a ti. ..
Somente a ti!. ..
Se eu tivesse mais vidas.
Todas seriam tuas, bom Jesus!.................
Afinal...
O que possuo já é por tua bondade.. . O que desejo só alcançarei ao teu lado... O de que preciso é a tua verdade... O que me faz exultar é ser por ti amado...
Mas. ..
Quem sou eu para te pedir tanto ?... Certamente, por mim, nada de ti mereço. .. Teu sangue um dia enxugou meu pranto. .. Do que me deste, então, eu te ofereço. . . Por isso. ..
Não preciso outras vidas. Não.
Esta me basta... Uma só inteligência.. Uma só alma. .. Um só coração...
—Modesta flor do teu grande jardim. .. Pois eu bem sei o que querem de mim:
—é lealdade, santificação
—fé... perseverança — consagração... amor Impulsionando a minha própria vida. ..
Na vida inteira da minha dedicação
NARRADORA — Lúcia foi a melhor aluna da classe, a mais inteligente e a mais dedicada. Bem merece o título que agora lhe pertence. Está absorta, a recordar o passado e a fazer planos para o futuro. Subitamente...
CRIANÇA SERTANEJA — Lúcia, Lúcia, ajude-me! Eu preciso de você, Lúcia! Por certo você já tem ouvido a meu respeito. Venho do sertão da nossa Pátria, onde habitam animais selvagens e um povo sem recursos. Você acaba de receber seu diploma de professora, eu lhe suplico, venha ajudar os pobres sertanejos, que, como eu, não sabem ler nem escrever. Também ouvi dizer que há um Salvador — Jesus — mas quase nada sabemos sobre ele. Eu sei que você o conhece. Venha e nos conte a sua história. Nós precisamos de uma professora como você, venha!... venha!... (sai).
MENINA POBRE — Eu também preciso de você. Vivo numa choça, às margens de um pequeno rio. O sertão do Brasil é o meu mundo. Um dia eu vi uma menina da cidade. Como era linda! Tinha vestidos bonitos, rosto corado e tinha livros para estudar. Tenho vontade de ter vestidos bonitos também e principalmente livros, mas não sei como... Você pode nos ensinar a ler, a escrever e pode nos contar histórias de um livro grande, que chamam de Bíblia, não pode? Venha comigo, Lúcia, porque onde moro ninguém pode ler naquele livro e nem sabem contar suas histórias. Venha comigo!... (afasta-se, meio voltada para Lúcia, olhando-a até desaparecer).
MOÇA (modestamente vestida) — Onde está você, Lúcia? Venho do meio de um povo rude e degradado. Povo supersticioso e sem princípios morais. Sou moça como você, mas você mora na cidade e eu no interior, você possui um diploma e eu não tive a oportunidade de estudar. Assim passei a infância. Muitas outras jovens vivem Como eu. Venha, e nos auxilie. Muitas vidas, lá, dependem de você (sai).
VOZ — "O mestre chegou e te chama." Lúcia, Lúcia, não ouves? Parece que estás indiferente. Não venho pedir-te auxílio, venho oferecê-lo. "O meu fardo é leve e o meu jugo é suave." Sou teu Mestre. Tenho falado a ti através das petições dessa gente humilde e necessitada. "O Campo é vasto, mas os obreiros são poucos." Ajuda a libertar essa gente opressa. Dá-lhes a tua sabedoria. Teus conhecimentos precisam penetrar no coração dos ignorantes. Vai até os lugares obscuros, e leva a luz. Eu sou a água da vida e o sertão sedento. Eu sou o pão da vida e o sertão faminto. Leva-me aos seus corações. Com a pujança e o vigor da tua juventude, leva-me àquelas almas. Sê uma bênção. Eu te chamo para seres útil no coração da tua querida Pátria.
LÜCIA — Diante de mim esteve o retrato do sertão brasileiro. Tive a visão do que é o interior de nossa Pátria. E eu não havia pensado em tudo isso. Que fazer? Deixarei o conforto do meu lar, de minha cidade? E os meus ideais, meus doces e elevados castelos? Apelos insistentes! Vozes me chamam! Quanta miséria! Que farei? Jesus me falou ao coração — Eu sou teu Mestre. Sê uma bênção.
"Nem sempre será pra o lugar que eu quiser que o Mestre me tem de mandar..." Claramente percebo meu lugar de servir. Não é na capital. "Onde quer que seja com Jesus irei..." Meu Senhor, meu Mestre, reconheço a tua chamada para a obra de Missões. Desejo ser útil à minha Pátria, às almas sedentas e famintas. Irei proclamar meu Salvador. Eu me entrego ao teu serviço. Irei confiante nas promessas de quem me comissionou. Em nome de Jesus. Amém
MARINA
Não viste, porventura, o céu como está lindo?
Como os astros estão em pleno azul fulgindo?
O céu, o céu azul, o céu cheio de estrelas,
nessas noites de luar, miríficas e belas,
o céu é para mim um doce enlevo de alma.
Há tanta luz... há tanto encanto... há tanta calma,
que a gente cuida entrar nos paramos divinos,
ouvindo a orquestração dos mais profundos hinos!
Sozinha muita vez, eu fico embevecida,
sem mais pensar na dor em que se passa a vida,
a contemplar o céu distante, os sóis fulgentes,
miríades de sóis, grandes, tremeluzentes,
estrelas de clarões miríficos, profundos,
astros que, para mim, são outros tantos mundos. ..
Que belo é ver o céu, o espaço constelado,
esse zimbório imenso, etéreo, iluminado!
Não viste, porventura, o céu ainda, o lindo
cortinado onde estão as estrelas fulgindo?
Dizem que nele existe um rio, caudaloso,
cuja água de cristal a todos dá repouso. . .
Dizem que desse rio à margem muitas crianças,
tocando tamboris, ao compasso de danças, vivem alegremente e sem tristeza alguma
que lhes possa envolver o céu em densa bruma...
Será verdade, pois, que elas, essas criancinhas,
no rio vão tirar água com canequinhas
de ouro amarelo como as frutas bem maduras?
Como felizes são todas essas criaturas!
CELINA
Ora, vou contar-te uma história pungente que enche de comoção o espírito da gente.
CELINA
Eu era pequenina ainda, quando, um dia,
ao regressar da escola, estudante de alegria,
encontrei no caminho uma criança, coitada,
de cabelo revolto e veste esfarrapada,
de pés descalços, triste e lacrimosa mesmo,
que era de causar pena, a pobrezita a esmo...
E pediu-me uma esmola, assim, piedosamente,
estirando-me a mão, num gesto comovente:
— Menina, estou com fome e, por sua bondade,
dê-me uma esmola, ouviu? Tenha de mim piedade.
Abri, então, a bolsa em que os livros trazia,
nem um vintém sequer, nem um vintém havia!
Confesso que fiquei bastante entristecida
e senti a maior angústia desta vida,
por não poder fartar aquela pobre criança
de olhar tão dulçuroso e voz tão pura e mansa.
Ofereci-lhe almoço em minha casa, e a pobre,
num gesto muito bom e sobretudo nobre,
sobre o peito cruzando as mãos emagrecidas,
olhava para o céu das nossas duas vidas:
eu, tão feliz no mundo, e ela, tão pobrezita,
tão triste na orfandade e tão cansada e aflita.
Não achas que fiz bem?! Não achas que cumpria
um restrito dever, de que Deus me incumbia?
MARINA
Fizeste muito bem. Obraste retamente, Deus não esquecerá teu gesto comovente. Cumpriste o teu dever, porquanto está escrito que se deve atenuar a dor ao que anda aflito, dar pão ao que tem fome, e vestes, ao despido, e água ao que está sedento, e gozo, ao oprimido. A tua boa ação vale por um tesouro e escrita está nos céus com grandes letras de ouro!
CELINA
Por isso, toda vez que fico, embevecida,
olhando para o céu, alheio à humana vida,
me lembro da orfãzinha e parece que a vejo
de mãos postas ao peito e a voz em gorgolejo,
dizendo para mim: — Menina, você é boa;
E Deus, a quem é bom, sempre, sempre abençoa...
O tempo tem passado e eu nunca mais no mundo
a pobre pude ver, de olhar triste e profundo.
Talvez ainda viva aquela humilde criança,
cujo divino olhar não me sai da lembrança.. .
Talvez Deus a chamou — quem sabe? — para a glória,
para o reino dos céus, num canto de vitória...
MARINA
Tu és muito feliz, mais do que eu certamente,
Porque sabes amar o próximo piamente!
O bem que tu fizeste àquela pequenina,
não lhe fizeste a ela apenas: mais do que isto,
fizeste aquele bem imenso a Jesus Cristo!
Quem faz um benefício a um desses, sem vaidade,
tem-no feito a Jesus, que está na eternidade,
pois ele disse aos seus apóstolos amados
que quem assim fizesse aos mais necessitados,
a ele mesmo, enfim, o estaria fazendo.. .
CELINA
Fi-lo. sim, a Jesus somente, bem o entendo, porque naquele tempo eu muito bem sabia que por mim meu Jesus morrera certo dia, mas não me lembro mais do nome da criancinha, sei que ela era, coitada, humilde e pobrezinha.. .
MARINA
Desejarias ver, porventura, essa criança, cujo olhar te perdura ainda na lembrança?
CELINA
Ah! Eu me sentiria alegre se inda a visse
com aquele mesmo olhar mui cheio de meiguice,
para do meu Jesus falar-lhe e redimi-la
do pecado em que jaz, talvez, triste e intranqüila.
Mas deve já ser moça e, para conhecê-la. . .
MARINA
Deus te abençoe! Os céus te sejam benfazejos, são estes, pois, os meus fervorosos desejos, porque aquela criancinha esfarrapada e triste que pra almoçar contigo, um dia, conduziste, também hoje é cristã, também hoje é remida por aquele que deu por todos nós a vida! Aquela pobrezita humilde e pequenina,
é hoje tua irmã na fé: sou eu, Celina!
Para que eu possa ouvir, Senhor, o teu chamado E não queira escutar a voz do mundo ruim; Para que o meu pensar esteja a Ti voltado, Faze silêncio em mim!
A fim de que eu atenda, ó Deus, aos teus conselhos E possa te seguir até da vida ao fim; E, para que te adore humildemente, de joelhos, Faze silêncio em mim!
Que os problemas do lar e as angústias da vida Não me afastem, Senhor, do teu caminho, e assim, Pra receber do céu a mensagem querida, Faze silêncio em mim!
Se o estrépito cruel do insulto ou zombaria Ecoa na distância escura de onde vim; Para alcançar, ó Deus, tua sabedoria, Faze silêncio em mim!
Senhor, para que eu sinta, em luz, tua presença, A paz celestial e o teu amor, enfim, Para nalma fruir a tua graça imensa, Faze silêncio em mim!
..............................................................................................Poder pensar em
amigos,
É viajar no coração,
Poder pensar em bons momentos,
É lembrar a
união.
Eu não posso imaginaras alegrias sem alguém pra me
ver,
Eu não vejo a minha vida sem você.
Por isso eu canto,
Eu agradeço a Deus,
Por ter você em minha vida,
Por isso eu
canto,
Eu agradeço a Deus,
Por ter você em todo tempo.
Alegres ou
difíceis
Agradeço a Deus
Me lembrar de você,
É lembrar da
comunhão,
E pedindo em oração,
Pra você que é mais que
irmão.
Por isso eu canto,
Eu agradeço a Deus,
Por ter você
em minha vida,
Por isso eu canto,
Eu agradeço a Deus,
Por ter você em
todo tempo.
Alegres ou difíceis
Agradeço a Deus
Foi em um simples papelQue comecei a colocarOs desabafos de meu coração...Palavras que respondiam os meus sentimentos,Que denunciam minhas vontades.Uma lágrima sem razão rolou dos meus olhosE caiu sobre a palavra amor...Ai percebi que:Os meus olhosChoram por amor.Lágrimas que nascem lá do coração,Que a alma aprova,Pois as lágrimas nos fortalecem."Uma pessoa que não chora,Tem mil motivos para chorar..."Segurar as lágrimas é o mesmoQue pedir para parar o tempo.O amor nos faz chorar,Porque é o sentimento mais forteQue existe na lei da vida.Minha poesiaFicou com uma marca,A marca de um amorExpressado em umaMarca deUma Lágrima.
"agora a perfeição tomou forma e tem nome própio... Felipe"(de Ítalo) [...]
"pensando em ti não sei se te amo ou te gosto, mas sei que estas em meu coração"
(valeu Dayane P.)
Se estou grávida a culpa é tua que com teu amor me faz gerar a poesia ... Amo vcs AMIGOS........ ...S2...
escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere alguma coisa, não altera em nada na verdade tudo o que quero é desabrochar de um aforma ou de outra(Clarice lispector)
por que escrever?! te pergunto antes: como pode o peixe vivo viver fora da água fria? como poderei viver?! como poderei viver, sem a minha, poesia?